quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Conhecimento e Maturidade


Kevin DeYoung
Sabedoria e MaturidadeQuando comparados, eu prefiro um cristão maduro que tenha conhecimento teológico simples do que outro extremamente culto, versado, mas sem maturidade nenhuma. Mas, é claro que nenhuma dessas situações é desejável. Vou explicar.
Uma história com dois extremos
De um lado, temos o Sr. Rato-de-Biblioteca. Ele não completou ainda trinta anos de idade. É muito inteligente. Já leu Calvino, Edwards, Lutero e Bavinck. Conhece Warfield e Hodge, Piper e Carson, também. Desde que aceitou o Senhor na época da faculdade, o Sr. Rato tem buscado conhecimento. Ele ouve uma dúzia de sermões por semana no seu iPod. Tem mais discernimento sobre debates teológicos da atualidade do que a maioria dos pastores. Adora conferências cristãs — as boas, consistentes. O Sr. Rato sabe tudo sobre hermenêutica, propiciação, teologia da aliança, princípio regulador, e o ordo salutis. Está até aprendendo um pouco de Grego, Hebraico e Latim já sabe um pouquinho e, se tiver tempo, vai aprender ugarit.
O Sr. Rato é inteligente, sério na sua fé, e quer servir o Senhor. Mas tem vinte e poucos anos e não é maduro. Em termos de conhecimento, está muito adiantado, mas quanto à sabedoria, está começando. Não comete pecados grosseiros, apenas pecadinhos. Na escala da verdade, não mente. É chato, quase ridículo, excessivamente franco. Não tem senso de proporções. Ele não percebe que um debate de pressuposto e evidencialista de apologética  não é tão sério como Atanásio versus Ariano. Para ele tudo é uma questão de prioridade porque não há outro tipo de assunto.
Para piorar a situação, o Sr.Rato fala demais. Considera toda conversa como um debate. Ele é teimoso. Não faz perguntas. As pessoas têm medo dele e ele não sabe por quê. A não ser aqueles que concordam totalmente com ele, não tem muitos amigos. Não pretende ser rude ou arrogante. Na verdade, ele consegue ser um cara simpático. O problema é que ele sabe tanta coisa que não consegue usar o seu conhecimento com sabedoria ou elegância.
No outro extremo está o Sr. Simples-Fé. É cristão há quarenta anos. Ora e lê a Bíblia todos os dias. Criou quatro filhos piedosos. Está casado há mais de trinta anos. É calmo, sincero e respeitado por todos. Mas não devora livros. Nunca leu muito. Lê dois a três livros por ano, e um deles deve ser um livro cristão, alguma coisa leve. O Sr. Simples tem instintos teológicos decentes. Ele sabe que a Bíblia é a verdade, que Jesus é o único caminho para Deus, que o inferno é real, e que não podemos merecer o caminho para o céu. É ortodoxo, mas além do básico é bastante ignorante e, francamente, não está muito interessado em teologia.
Portanto, qual dos dois você preferiria ter como diácono em sua igreja? O Sr. Rato é mais impressionante, mas o Sr. Simples provavelmente vai tomar decisões melhores e vai ser recebido melhor pelos membros da congregação. Pessoalmente, eu prefiro a maturidade ultrapassando o conhecimento em vez do contrário.
Aprendendo a pilotar de Maneira Certa
Nem é preciso dizer que o alvo é ter os dois. Um cristão maduro sem um pouco de conhecimento teológico não atinge o seu potencial. Um cristão que tem conhecimento sem maturidade tem potencial que não sabe como utilizar.
Um cristão teologicamente astuto, imaturo é como um menino de cinco anos de idade pilotando um helicóptero Apache. Vejam que arma poderosa: pode destruir argumentos e defender-se contra heresia; pode voar para o céu e ter visões gloriosas que aquele que está no nível do mar não percebe. Este helicóptero teológico é tão bom para busca e salvamento quanto para descobrimento e destruição. Todo exercito congregacional deveria ter um veículo desses. É rápido. É furioso. É impressionante. Mas também é perigoso. E com um menino de cinco anos no controle (ou seja lá o que for), algumas pessoas vão se machucar. Não é que um menino não possa ter um helicóptero, mas seria bom que tomasse lições de vôo depois de adulto.
Por outro lado, um cristão maduro satisfeito com um conhecimento teológico rudimentar é como uma pessoa de 45 anos de idade pilotando um triciclo. Verdade, ele consegue andar de triciclo, mas não pode andar depressa nem vai muito longe. Fica limitado em termos do que pode ver e experimentar.  Não pode fazer muito para enfrentar inimigos ou escalar alturas. É firme, mas não tão firme quanto poderia ser. O alvo no discipulado é que nós não temos de escolher entre meninos pilotando helicópteros e adultos andando de triciclos. Queremos pilotos maduros pilotando máquinas complicadas. Nosso alvo é que o Sr. Rato-de-Biblioteca se transforme no Sr. Cabeça-e-Coração e que o Sr. Simples-Fé aprenda a ser o Sr.Verdade-Profunda.
E se nossas congregações ainda não chegaram a este equilíbrio, pelo menos podemos arranjar um instrutor próprio para os meninos e apressar o treinamento dos adultos.
Tradução: Yolanda Mirdsa Krievin

Fonte: Blog Fiel

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Como Evitar Desequilíbrios Religiosos


 


 

Arthur W. Pink

Os nossos esforços para sermos corretos nos podem conduzir ao erro.
A operação do Espírito, no coração humano, não é inconsciente nem automática. A vontade e a inteligência humana devem ceder e cooperar com as benignas intenções de Deus. Penso que é neste ponto que muitos de nós se perdem. Ou tentamos nos tornar santos, e, então, falhamos miseravelmente; ou, então, procuramos atingir um estado de passividade espiritual, esperando que Deus aperfeiçoe nossa natureza, em santidade, como alguém que se assentasse esperando que um ovo de pintarroxo chocasse sozinho. Trabalhamos febrilmente, para conseguir o impossível, ou não trabalhamos de forma alguma. O Novo Testamento nada conhece da operação do Espírito em nós, à parte de nossa própria resposta moral favorável. Vigilância, oração, autodisciplina e aquiescência inteligente aos propósitos de Deus são indispensáveis para qualquer progresso real na santidade. Existem certas áreas de nossas vidas em que os nossos esforços para sermos corretos nos podem conduzir ao erro, a um erro tão grande que leva à própria deformação espiritual. Por exemplo:
1. Quando, em nossa determinação de nos tornarmos ousados, nos tornamos atrevidos. Coragem e mansidão são qualidades compatíveis; ambas eram encontradas em perfeitas proporções em Cristo, e ambas brilharam esplendidamente na confrontação com os seus adversários. Pedro, diante do sinédrio, e Paulo, diante do rei Ágripa, demonstraram ambas essas qualidades, ainda que noutra ocasião, quando a ousadia de Paulo temporariamente perdeu o seu amor e se tornou carnal, ele houvesse dito ao sumo sacerdote: “Deus há de ferir-te, parede branqueada”. No entanto, deve-se dar um crédito ao apóstolo, quando, ao perceber o que havia feito, desculpou-se imediatamente (At 23.1-5).
2) Quando, em nosso desejo de sermos francos, tornamo-nos rudes.Candura sem aspereza sempre se encontrou no homem Cristo Jesus. O crente que se vangloria de sempre chamar de ferro o que é de ferro, acabará chamando tudo pelo nome de ferro. Até o fogoso Pedro aprendeu que o amor não deixa escapar da boca tudo quanto sabe (1 Pe 4.8).
3) Quando, em nossos esforços para sermos vigilantes, ficamos a suspeitar de todos. Posto que há muitos adversários, somos tentados a ver inimigos onde nenhum deles existe. Por causa do conflito com o erro, tendemos a desenvolver um espírito de hostilidade para com todos quantos discordam de nós em qualquer coisa. Satanás pouco se importa se seguimos uma doutrina falsa ou se meramente nos tornamos amargos. Pois em ambos os casos ele sai vencedor.
4) Quando tentamos ser sérios e nos tornamos sombrios. Os santos sempre foram pessoas sérias, mas a melancolia é um defeito de caráter e jamais deveria ser mesclada com a piedade. A melancolia religiosa pode indicar a presença de incredulidade ou pecado, e, se deixarmos que tal melancolia prossiga por muito tempo, pode conduzir a graves perturbações mentais. A alegria é a grande terapia da mente. “Alegrai-vos sempre no Senhor” ( Fp 4.4).
5) Quando tencionamos ser conscienciosos e nos tornamos escrupulosos em demasia. Se o diabo não puder destruir a consciência, seus esforços se concentrarão na tentativa de enfermá-la. Conheço crentes que vivem em um estado de angústia permanente, temendo que venham a desagradar a Deus. Seu mundo de atos permitidos se torna mais e mais estreito, até que finalmente temem atirar-se nas atividades comuns da vida. E ainda acreditam que essa auto-tortura é uma prova de piedade.
Enquanto os filósofos religiosos buscam corrigir essa assimetria (que é comum à toda raça humana), pregando o “meio-termo áureo”, o cristianismo oferece um remédio muito mais eficaz. O cristianismo, estando de pleno acordo com todos os fatos da existência, leva em consideração este desequilíbrio moral da vida humana, e o medicamento que oferece não é uma nova filosofia, e sim uma nova vida. O ideal aspirado pelo crente não consiste em andar pelo caminho perfeito, mas em ser conformado à imagem de Cristo.

Fonte: Blog Fiel

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Quatro Ondas de Mudança em Missões


 


 

John Piper

Se Deus se agradar em responder nossas orações em favor de missões, elas podem se tornar quatro ondas que vêm sobre milhares de pessoas e igrejas. Estas são as ondas pelas quais estou orando:
Onda 1: colocar a evangelização mundial nas paixões de uma nova geração.
"Missional" é a palavra de nossos dias. Contudo, a obra de missões não é realizada sempre no mundo. Fazer missões significa transpor uma barreira étnica e lingüística (que pode exigir 20 anos), a fim de implantar o evangelho em um povo que não tem acesso ao evangelho. O obra de missões elabora estratégias para alcançar não somente pessoas não-alcançadas, mas também povos não-alcançados. "Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te os povos todos" (Sl 67.3). A Onda 1 se tornaria o DNA de "missional".
Onda 2: entretecer de novo o horror do inferno em nossa compaixão.
Eu oro para que o slogan de missões mundiais seja: nós nos preocupamos com todo sofrimento, especialmente o sofrimento eterno. Todas estas palavras são importantes: sofrimento, eterno, especialmente, todo, preocupamos, nós. Cada uma delas denota carga. A Onda 2 resultaria em que essa carga seria carregada em milhares de trens evangélicos direcionados à vizinhança e às nações.
Onda 3: destruir percepções erradas sobre o que é necessário em missões.
Espero que nosso pensamento sobre a evangelização dos povos destrua a noção de que missões podem ficar em nossa pátria agora, porque todas as nações têm vindo até nós. A região em que eu moro está sendo atualmente referida pela City Vision como "a mais etnicamente diversa e única da América, onde se fala mais de 100 línguas". Isso muda bastante a maneira como fazemos missões. Mas uma coisa que isso não muda é o fato de que o Joshua Project cataloga não algumas centenas, e sim 6.933 povos que, globalmente, não têm uma presença auto-sustentável do evangelho. Outro conceito errado que eu gostaria de ver destruído é o de que os ocidentais devem apenas mandar dinheiro, em vez de irem como missionários. Minha paráfrase: que outros dêem o seu sangue. Nós damos o nosso dinheiro. Falando de maneira realista, a maioria dos povos não-alcançados não tem melhor acesso ao nosso dinheiro do que nós o temos. "Não-alcançado", em seu sentido pleno, significa: não há nenhum missionário no povo para o qual você poderia enviar dinheiro, se quisesse fazer isso. Portanto, a Onda 3 resultaria em fazer tudo: missões aos povos não-alcançados que vivem entre nós, apoiar missões de outras igrejas que enviam e, em especial, mobilizar sua própria igreja para alcançar os milhares de povos que não têm acesso ao evangelho.
Onda 4: convencer os pastores de que uma paixão pela glória mundial de Deus é boa para os crentes de nosso país.
Se a luz de sua vela pode brilhar até milhares de quilômetros, ela está queimando com bastante intensidade no seu próprio lar. Que tipo de cristãos queremos que nossas igrejas produzam? Considere: cristãos indiferentes, que gastam maior parte de seu tempo livre em entretenimento mundano, raramente oram, choram ou trabalham para alcançar os povos que perecem. Não os afague. Confronte-os. Exorte-os a ter uma vida. Assistir a filmes todas as noites os deixa espiritualmente sem poder e vazios. Eles precisam de uma causa muito nobre pela qual podem viver. E pela qual podem morrer. A Onda 4 faria de missões mundiais o ponto de ebulição para muitos crentes despertados.

www.desiringgod.org



Traduzido por: Wellington Ferreira

Copyright©2011 Desiring God Ministries
Copyright©2011 Editora Fiel

Traduzido do original em inglês: Four Waves of Change in Missions.

Publicado originalmente do blog: Blog Desiring God.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Os anos ocultos de Jesus


O que ele fez antes dos 30 anos? A Bíblia não conta. Mas a história e a arqueologia têm muito a dizer

por Eduardo Szklarz e Alexandre Versignassi

O Novo Testamento contém 27 livros, 7 956 versículos e 138 020 palavras. E uma única referência à juventude de Jesus. O Evangelho de Lucas nos conta que, aos 12 anos, ele viajou com os pais de Nazaré a Jerusalém para celebrar o Pessach, a Páscoa judaica. Quando José e Maria retornavam a Nazaré, perceberam que Jesus tinha ficado para trás. Procuraram o garoto durante 3 dias e decidiram voltar ao Templo, onde o encontraram discutindo religião com os sacerdotes. "E todos que o ouviam se admiravam com sua inteligência" (Lucas 2:42-49).

Isso é tudo. Jesus só volta a aparecer no relato bíblico já adulto, por volta dos 30 anos, ao ser batizado no rio Jordão por João Batista. É quando o conhecemos realmente. Da infância, as Escrituras falam sobre o nascimento em Belém, a fuga com os pais para o Egito - para escapar de uma sentença de morte impetrada por Herodes, rei dos judeus - e a volta para Nazaré. Da vida adulta, o ajuntamento dos apóstolos e a pregação na Galileia, além do julgamento e da morte em Jerusalém. Mas o que aconteceu com Jesus entre os 12 e os 30 anos? Qual foi sua formação, o que moldou seu pensamento nesses 18 "anos ocultos"? Afinal, o que ele fez antes de profetizar na Galileia?

A notícia para quem deseja reconstruir o Jesus histórico é que novas análises dos Evangelhos, documentos históricos e achados arqueológicos nos dão pistas sobre a sociedade da época. E dessa forma podemos chegar mais perto de conhecer o homem de Nazaré. E entender o que passava em sua cabeça.


O pedreiro cheio de irmãos 
Uma coisa é certa. Aos 13 anos, Jesus celebrou o bar mitzvah, ritual que marca a maioridade religiosa do judeu. E é bem provável que ele tenha seguido a profissão de José, seu pai. Carpinteiro? Talvez não. "Em Marcos, o mais antigo dos Evangelhos, Jesus é chamado de tekton, que no grego do século 1 designava um trabalhador do tipo pedreiro, não necessariamente carpinteiro", diz John Dominique Crossan, um dos maiores especialistas sobre o tema. Para o historiador, os autores de Mateus e Lucas, que se basearam em Marcos, parecem ter ficado constrangidos com a baixa formação de Jesus. E deram um jeito de melhorar a coisa. Mateus (13:55) diz que o pai de Jesus é que era tekton. E Lucas omitiu todo o versículo.

As mesmas passagens de Marcos e Mateus informam que Jesus tinha 4 irmãos (Tiago, José, Simão e Judas), além de irmãs (não nomeadas). Mas dá para ir mais longe a partir dessa informação. "Se os nomes dos Evangelhos estão corretos, a família de Jesus era muito orgulhosa da tradição judaica. Seus 4 irmãos tinham nomes de fundadores da nação de Israel", diz a historiadora Paula Fredriksen, da Universidade de Boston. "Seu próprio nome em aramaico, Yeshua, recordava o homem que teria sido o braço direito de Moisés e liderado os israelitas no êxodo do Egito, mais de mil anos antes."

Assim, a família teria pelo menos 9 pessoas, mas nem por isso era pobre. Nazaré ficava a apenas 8 km de Séforis - um grande centro comercial onde o rei Herodes, o Grande, governava a serviço de Roma. Com a morte dele, em 4 a.C., militantes judeus se revoltaram contra a ordem política. Deu errado: o general romano Varus chegou da Síria para reprimir os rebeldes. E seu amigo Gaio completou o serviço, queimando a cidade. "Homens foram mortos, mulheres estupradas e crianças escravizadas", diz Crossan. Mas a destruição de Séforis teve um lado positivo: Herodes Antipas, filho do "o Grande", transformou o lugar num canteiro de obras. Isso trouxe uma certa abundância de empregos para a região. Um pequeno boom econômico. Então o ambiente ao redor da família de Jesus não era de privações. "A reconstrução da cidade deve ter gerado muito trabalho para José", diz Paula Fredriksen.

Jesus nasceu no ano da destruição da cidade, 4 a.C. Ou perto disso. O Evangelho de Mateus diz que Jesus nasceu no tempo de Herodes, o Grande (4 a.C. ou antes). Lucas coloca o nascimento na época do primeiro censo que o Império Romano promoveu na Judeia. E isso aconteceu, segundo as fontes históricas romanas, em 6 a.C. A única certeza, enfim, é que "foi por aí" que Jesus nasceu. E que o ódio contra o que os romanos tinham feito em Séforis permeava o ambiente onde ele viveu. "Não é difícil imaginar que Jesus pensou muito sobre os romanos enquanto crescia", diz Crossan.

Na década de 20 d.C., quando Jesus estava nos seus 20 e poucos anos, o sentimento antirromano cresceu mais ainda. Pôncio Pilatos assumiu o governo da Judéia cometendo o maior pecado que poderia: desdenhar da fé dos judeus no Deus único.

Mas, em vez de se unir contra o romano, os judeus se dividiram em seitas. Os saduceus, por exemplo, eram os mais conservadores. Os fariseus eram abertos a ideias novas, como a ressurreição - quando os justos se ergueriam das tumbas para compartilhar o triunfo final de Deus. Os essênios viviam como se o fim dos tempos já tivesse começado: moravam em comunidades isoladas, que faziam refeições em conjunto seguindo estritas leis de pureza. Já os zelotes defendiam a luta armada contra os romanos.

Em qual dessas seitas Jesus se engajou na juventude? Não há consenso entre os pesquisadores. Para alguns, porém, existem semelhanças entre a dos essênios e o movimento que Jesus fundaria - ambas as comunidades viviam sem bens privados, num regime de pobreza voluntária, e chamavam Deus de "pai". Essa hipótese ganhou força com a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, em 1947. Eles trouxeram detalhes sobre uma comunidade asceta de Qumran, que viveu no século 1 e estaria associada aos essênios. O achado ar-queológico não provou a ligação entre Jesus e essa seita. Até porque os essênios eram sujeitos reclusos, ao passo que Jesus foi pregar entre as massas da Galileia e Jerusalém.

Jesus podia não ser essênio. Mas, para alguns estudiosos, seu mentor foi.


João, o mestre 
Dois dos 4 Evangelhos começam a falar de João Batista antes de mencionar Jesus. É em Marcos e João. O homem que batizaria Cristo aparece descrito como um profeta que se vestia como um homem das cavernas ("em pelos de camelo") e que vivia abaixo de qualquer linha de pobreza traçável ("comia gafanhotos e mel silvestre").

Para a historiadora britânica Karen Armstrong, outra grande especialista no tema, isso indica que João pode ter sido um essênio. A vocação "de esquerda" que Jesus mostraria mais tarde, inclusive, pode vir da ligação do mestre João com a "sociedade alternativa" dos essênios. "É mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus", ele diria mais tarde.

Os Evangelhos não falam de João como mestre de Jesus. Nada disso. Ele apenas reconhece Jesus como o Messias na primeira vez que o vê. Os textos sagrados também informam que ele usava o batismo como expediente para purificar seus seguidores, que deviam confessar seus pecados e fazer votos de uma vida honesta.

Então Jesus aparece pedindo para ser batizado. Na Bíblia, esse é o primeiro momento em que vemos o Messias após aqueles 18 anos de ausência.

Depois de purificado nas águas do rio Jordão, Jesus parte para sua vida de pregação, curas e milagres. A vida que todos conhecem.

Para quem entende esse relato à luz da fé, isso basta. Mas é pouco para quem tenta montar um panorama da vida de Jesus, um retrato puramente histórico de quem, afinal, foi o homem da Galileia que sairia da vida para entrar na Bíblia como o Deus encarnado. E uma possibilidade é que Jesus tenha sido um discípulo de João Batista. Discípulo e sucessor.

As evidências: tal como João Batista, Jesus via o mundo dividido entre forças do bem e do mal. E anunciava que Deus logo interviria para acabar com o sofrimento e inaugurar uma era de bondade. Em suma: tanto um como o outro eram o que os pesquisadores chamam de "profetas apocalípticos". E se os Evangelhos jogam tanta luz sobre João Batista (Lucas fala inclusive sobre o nascimento do profeta, assim como faz com Jesus), a possibilidade de que a relação deles tenha sido mais profunda é real.

O grande momento de oão Batista na Bíblia, porém, não é o batismo de Jesus. É a sua própria morte. Morte que abriria as portas para o nosso Yeshua, o Jesus da vida real, começar o que começou.


E Yeshua vira Cristo 
João Batista podia se vestir com pele de animal e se alimentar de gafanhotos. Mas tinha a influência de um grande líder político. Prova disso é que morreu por ordem direta de Antipas. O Herodes júnior tinha violado o 10º mandamento da lei judaica: "Não cobiçarás a mulher do próximo". Não só estava cobiçando como estava de casamento marcado com a ex-mulher do irmão, Felipe. João condenou a atitude do rei publicamente. E acabou executado.

Mateus deixa claro como Jesus, então já com seus 12 discípulos e em plena pregação, recebeu a notícia: "Ouvindo isto, retirou-se dali para um lugar deserto, apartado; e, sabendo-o o povo, seguiu-o a pé desde as cidades". Logo na sequência, o Cristo emenda o maior de seus milagres. Sentido com a fome da multidão que ia atrás dele, pegou 5 pães e dois peixes (tudo o que os apóstolos tinham) e foi dividindo. Passava os pedaços aos discípulos, e os discípulos à multidão. "E os que comeram foram quase 5 mil homens, além das mulheres e crianças" (Mateus 14:21). Horas depois, no meio da madrugada, outro milagre de primeiro escalão: Jesus apareceria para os apóstolos andando sobre as águas.

Esses episódios, claro, são parte da vida conhecida de Jesus (ou da mitologia cristã, em termos técnicos). Mas deixam claro: a morte de João foi importante a ponto de ter sido seguida de dois dos grandes episódios da saga de Cristo.

O filho do pedreiro assumiria o vácuo religioso deixado pelo profeta. Agora sim: Yeshua caminharia com as próprias pernas. E começaria a virar Jesus Cristo. "Ele não só assumiu o manto de João, mas alterou sua doutrina. A diferença interessante entre João Batista e Jesus Cristo é que Jesus ergueu o manto caído de Batista e continuou seu programa mudando radicalmente sua visão", diz Crossan.

Ele continua: "João dizia que Deus estava chegando. Mas João foi executado e Deus não veio". Ou seja: para o pesquisador, Jesus teria ficado tão chocado ante a não-intervenção divina que mudou sua visão sobre o que o Reino de Deus significava.

"João Batista havia imaginado uma intervenção unilateral de Deus. Jesus imaginou uma cooperação bilateral: as pessoas deveriam agir em combinação com Deus para que o novo reino chegasse", diz o pesquisador. Ou seja: não adiantaria esperar de braços cruzados. O negócio era fazer o Reino dos Céus aqui e agora. Como? Primeiro, extinguindo a violência. Mas e se alguém me der um soco, senhor? "Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra" (Lucas 6:29). Depois, amando ao próximo como a ti mesmo, ajudando ao pior inimigo se for necessário, como fez o bom samaritano da parábola famosa... Em suma, a essência da doutrina cristã.


A natividade 
Agora, um aparte: chamar de "anos ocultos" apenas a juventude de Jesus é injustiça. O nascimento também é uma incógnita completa. A começar pela data de nascimento: 25 de dezembro era a data em que os romanos celebravam sua festa de solstício de inverno, a noite mais longa do ano. Não porque gostassem de noites sem fim, mas porque ela marcava o começo do fim do inverno. Praticamente todos os povos comemoram esse acontecimento desde o início da civilização - nossas festas de fim de ano, a semana entre o Natal e o Ano-Novo são um reflexo disso. O dia em que Jesus nasceu não consta na Bíblia - foi uma imposição da Igreja 5 séculos depois, para coincidir o nascimento do Messias com a festa que já acontecia mesmo - com troca de presentes e tudo.

"Na verdade, não sabemos nada histórico sobre Jesus antes de sua vida pública, já que os dois primeiros capítulos de Mateus e Lucas [os que relatam o nascimento] são basicamente parábolas, não história", diz Crossan. De acordo com Mateus, José soube num sonho que Maria daria à luz um menino concebido pelo Espírito Santo. Quando Jesus nasce, magos surgem do Oriente e seguem uma estrela que os conduz a Jerusalém. Lá, eles ficam sabendo que o Cristo nasceu em Belém. Seguindo a estrela, os magos chegam à cidade para adorar o menino e lhe regalam com ouro, incenso e mirra. Mas Herodes fica perturbado com o nascimento e manda soldados matarem todos os bebês de até 2 anos em Belém. Assim, José foge com a família para o Egito e depois vai morar em Nazaré, na Galileia, onde Jesus é criado.

"Não há nenhum relato, em qualquer fonte antiga, sobre o rei Herodes massacrar crianças em Belém, ou em seus arredores, ou em qualquer outro lugar. Nenhum outro autor, bíblico ou não, menciona isso", diz o teólogo americano Bart D. Ehrman no livro Quem Foi Jesus? Quem Jesus Não Foi?

No relato de Lucas, o anjo Gabriel vai à casa de Maria, em Nazaré, e lhe avisa que daria à luz um futuro rei. E que o "Filho de Deus" se chamaria Jesus. Maria era uma virgem prometida a José, e o anjo lhe explicou que o filho seria gerado pelo Espírito Santo. Lucas diz que naquela época, "quando Quirino era governador da Síria", um decreto do imperador Augusto obrigou os súditos a se registrar no primeiro censo do Império. Todo mundo devia retornar à cidade de origem para se alistar. Como os ancestrais de José eram de Belém, ele foi com Maria grávida para lá. Jesus nasceu em Belém pouco depois, e foi envolvido em panos na manjedoura. Lá o menino recebeu a visita de pastores e foi circuncidado aos 8 dias, para depois passar a infância em Nazaré.

"Os problemas históricos em Lucas são ainda maiores", diz Ehrman. "Temos registros do reinado de Augusto, e em nenhum deles há referência a um censo para o qual todos teriam de se registrar retornando ao lar dos ancestrais."

Ok, mas afinal por que Mateus e Lucas fazem Jesus nascer em Belém? Bom, de acordo com uma profecia do livro de Miqueias, do Antigo Testamento, o salvador viria de lá. Por que de lá? Porque era a cidade do rei Davi, o mais lendário dos soberanos de Israel.

Depois que o general Pompeu invadiu a Judeia, em 63 a.C., e fez dela província do Império Romano, os profetas passaram a dizer que um rei da linhagem de Davi inauguraria o "reino de Deus". Chamavam essa figura de "o ungido" - já que Davi e outros reis israelitas haviam sido ungidos com óleo. Os Evangelhos foram escritos em grego, o inglês da época. E em grego "ungido" é christos. O Cristo tinha que nascer em Belém. Yeshua provavelmente era de Nazaré mesmo.

Os Evangelhos, por sinal, são obra de autores desconhecidos. É apenas uma convenção dizer que foram escritos por Marcos (secretário do apóstolo Pedro), Mateus (o coletor de impostos), João (o "discípulo amado") e Lucas (o companheiro de viagem de Paulo). Além disso, os escritores não foram testemunhas oculares. "O autor de Marcos escreveu por volta do ano 70. Mateus e Lucas, de 80. E João, no final dos 90", diz Karen Armstrong. E claro: "Eram cristãos. Eles não estavam imunes a distorcer as histórias à luz de suas crenças", diz Ehrman. Afinal, "evangelho" deriva da palavra grega euangélion, que significa "boas novas". O objetivo dos autores não era escrever a biografia de Jesus, e sim propagar a nova fé. Levando isso em conta, chegamos a outra polêmica: os anos considerados como os mais conhecidos da vida de Jesus também são cheios de episódios misteriosos. Vejamos.


Yeshua sai da vida para entrar na Bíblia 
Talvez tenha sido em busca de audiência que Yeshua rumou com os discípulos da Galileia para Jerusalém, por volta do ano 30 d.C. Depois de 3 anos pregando na periferia, já seria hora de atuar no palco principal.

Jerusalém era o pivô do fermento espiritual judaico, e milhares de judeus iam para lá na Páscoa. Os Evangelhos nos dizem que Jesus causou um tumulto no local, destruindo as banquinhas de câmbio (que trocavam moedas estrangeiras dos romeiros por dinheiro local cobrando uma comissão), já que seria uma ofensa praticar o comércio em pleno Templo de Jerusalém, o lugar mais sagrado da Terra para os judeus. Por perturbar a ordem pública, ele foi condenado à cruz. Parece historicamente sólido, mas o episódio central do Novo Testamento também é fonte de reinterpretações.

No julgamento, por exemplo, a multidão teria pedido que Barrabás, um assassino, fosse solto em vez de Jesus - já que era "costume" da Páscoa. Esse costume, porém, não é mencionado em nenhum lugar, exceto nos Evangelhos. Além disso, Jesus pode não ter sido exatamente crucificado, mas "arvorificado". É a teoria (controversa, é verdade) do arqueólogo Joe Zias, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Suas pesquisas indicam que as vítimas dos romanos eram mais comumente crucificadas em árvores, pregando uma tábua de madeira no tronco para prender os braços do condenado. Seja como for, não há por que duvidar de que ele tenha sido executado. Roma usava e abusava do expediente para tentar manter o controle das regiões que conquistava. Segundo Flávio Josefo, historiador judeu do século 1, numa só ocasião 2 mil judeus foram executados

A história de Jesus não acaba aí, claro. "Alguns discípulos estavam convencidos de que ele ressuscitara. E que sua ressurreição anunciava os últimos dias, quando os justos se reergueriam das tumbas", diz Armstrong. Para esses judeus cristãos, Jesus logo retornaria para inaugurar o novo reino. O líder do grupo era Tiago, irmão de Jesus, que tinha boas relações com fariseus e essênios. E o movimento se expandiu. Quando Tiago morreu, em 62, Jerusalém vivia o auge da crise política. Em 66, romanos perseguiram os judeus com medo de uma insurgência. Os zelotes se rebelaram e conseguiram manter as tropas do Império afastadas por 4 anos. Com medo de que a rebelião judaica se espalhasse, Roma esmagou os revoltosos. Em 70, o imperador Vespasiano sitiou Jerusalém, arrasou o Templo e deixou milhares de mortos.

"Não temos ideia de como seria o cristianismo se os romanos não tivessem destruído o Templo", diz Armstrong. "Sua perda reverbera ao longo dos livros que formam o Novo Testamento. Eles foram escritos em resposta à tragédia."

Para os pesquisadores, então, os textos sagrados refletem a realidade da Judeia do final do século 1 - e não a do início, a que Jesus viveu de fato. Por exemplo: Barrabás personificaria os sicários, judeus que saíam armados de punhais para matar romanos na calada da noite, como uma forma de vingança pela destruição do Templo. E que por isso mesmo eram assassinos amados pela população.

Quer dizer: Barrabás seria um personagem típico da década de 70 d.C., inserido no episódio da morte de Jesus, fato que aconteceu na década de 30 d.C, num momento em que o ódio aos romanos e o louvor a quem se dispusesse a matá-los não eram tão violentos.

Até a época em que os Evangelhos foram escritos, o movimento de Jesus era apenas um entre as várias seitas judaicas. Os primeiros cristãos se diziam "o verdadeiro Israel" e não tinham intenção de romper com a corrente principal do judaísmo. Mas tudo mudou com a destruição do Templo.

Ela intensificou a rivalidade entre as facções judaicas. "Em sua ânsia por alcançar o mundo gentio (o dos não-judeus), os autores dos Evangelhos estavam dispostos a absolver os romanos da execução de Jesus e declarar, com estridência crescente, que os judeus deviam carregar a culpa", diz Armstrong. João, o Evangelho mais virulento, declara que os judeus são "filhos do Diabo" (João 8:44). Até o autor de Lucas, que tinha uma visão mais positiva do judaísmo, deixou claro que havia um bom Israel (os seguidores de Jesus) e um Israel mau - os fariseus.

A rixa com os fariseus tem lógica, já que eram competidores diretos dos judeus cristãos. "Num extremo do judaísmo estavam os saduceus, a ala mais conservadora. No outro, os essênios, a mais radical. Já os fariseus e os judeus cristãos estavam no meio. Eles lutavam pela mesma coisa: a liderança do povo, que estava entre as duas pontas", diz Crossan.

Não é surpresa, aliás, que os livros do Novo Testamento contenham tantas contradições entre si. "Quando os editores finais do Novo Testamento juntaram esses textos, no início da Idade Média, não se incomodaram com as discrepâncias. Jesus havia se tornado um fenômeno grande demais nas mentes dos cristãos para ser atado a uma única definição", diz Armstrong. Os Evangelhos atribuídos a Marcos, Lucas, Mateus e João seriam finalmente selecionados para o cânon da Igreja. Dezenas de outros evangelhos ficaram de fora.

Só no século 2, quase 100 anos após a morte de Jesus, começam a aparecer relatos sobre ele no centro do Império. Um deles é uma carta do político romano Plínio ao imperador Trajano. Plínio cita pessoas conhecidas como "cristãs" que veneravam "Cristo como Deus". Outra fonte é o historiador romano Tácito, que menciona os "cristãos (...), conhecidos assim por causa de Cristo (...), executado pelo procurador Pôncio Pilatos". Suetônio, que escreveu pouco depois de Tácito, informa sobre uma perseguição de cristãos, "gente que havia abraçado uma nova e perniciosa superstição". Uma "superstição" cuja mensagem convenceria cada vez mais gente, a ponto de, no século 4, o imperador romano em pessoa (Constantino, no caso) converter-se a ela. E o resto é história. Uma história que chega ao seu segundo milênio. Com 2 bilhões de seguidores. 

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quinta-feira, 28 de julho de 2011

John Stott morreu aos 90 anos: Um dos maiores teólogos e escritores cristão do mundo

John Stott morreu aos 90 anos: Um dos maiores teólogos e escritores cristão do mundo
Faleceu na tarde desta quarta-feira, 27, o líder e evangelista londrino John Stott. Segundo informações do presidente do ministério que carrega o nome do líder, Benjamin Homam, a morte aconteceu às 3:15 (horário de Londres) por complicações relacionadas à sua idade avançada -Stott tinha 90 anos-. Nas últimas semanas, Stott já não vinha se sentindo bem.
Família e amigos haviam se reunido recentemente com Stott. Homam frisou ainda que o ministério já se preparava para o pior. “Stott deixou um exemplo impecável para lideres de ministérios em todo o mundo. Deixou para muitos um amor pela igreja global, e uma paixão pela fidelidade bíblica e amor pelo Salvador”.
Considerado uma das mais expressivas vozes da Igreja Evangélica contemporânea, o inglês Jonh Stott nasceu em 27 de abril de 1921. Foi um agnóstico até 1939, quando ouviu uma mensagem do reverendo Eric Nash e se converteu ao cristianismo evangélico.
Estudou Línguas Modernas na Faculdade Trinity, de Cambridge. Foi ordenado pela Igreja Anglicana em 1945, e iniciou suas atividades como sacerdote na Igreja All Souls, em Langham Place. Lá continuou até se tornar pastor emérito, em 1975. Foi capelão da coroa britânica de 1959 a 1991.
Stott tornou-se ainda mais conhecido depois do Congresso de Lausanne, em 1974, quando se destacou na defesa do conceito de Evangelho Integral – uma abordagem cristã mais ampla, abrangendo a promoção do Reino de Deus não apenas na dimensão espiritual, mas também na transformação da sociedade a partir da ética e dos valores cristãos.
Em 1982, fundou o London Institute for Contemporary Christianity, do qual hoje é presidente honorário. Escreveu cerca de 40 livros, entre os quais Ouça o Espírito, ouça o mundo (ABU), A cruz de Cristo (Vida) e Por que sou cristão (Ultimato).
Fonte: Creio

segunda-feira, 25 de julho de 2011

6 Estratégias para Lutar Contra a Lascívia


6 Estratégias para Lutar Contra a Lascívia
Estou pensando em homens e mulheres. Para os homens, isto é óbvio. A necessidade de lutar contra o bombardeamento de tentações visuais para nos fixarmos em imagens sexuais é urgente. Para as mulheres, isto é menos óbvio, porém tal necessidade se torna maior, se ampliamos o escopo da tentação de alimentar imagens ou fantasias de relacionamentos. Quando uso a palavra “lascívia”, estou me referindo principalmente à esfera dos pensamentos, imaginações e desejos que visualizam as coisas proibidas por Deus e freqüentemente nos levam a conduta sexual errada.
Não estou dizendo que o sexo é mau. Deus o criou e o abençoou. Deus tornou o sexo agradável e definiu um lugar para ele, a fim de proteger sua beleza e poder — ou seja, o casamento entre um homem e uma mulher. Mas o sexo tornou-se corrompido pela queda do homem no pecado. Portanto, temos de exercer restrição e fazer guerra contra aquilo que pode nos destruir. Em seguida, apresentamos algumas estratégias para lutar contra desejos errados.
EVITAR — evite, tanto quanto for possível e sensato, imagens e situações que despertam desejos impróprios. Eu disse “tanto quanto possível e sensato”, porque às vezes a exposição à tentação é inevitável. E usei os termos “desejos impróprios” porque nem todos os desejos por sexo, alimento e família são maus. Sabemos quando tais desejos são impróprios, prejudiciais e estão se tornando escravizantes. Conhecemos nossas fraquezas e o que provoca tais desejos. Evitar é uma estratégia bíblica. “Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça” ( 2 Tm 2.22). “Nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm 13.14).
NÃO — diga “não” a todo pensamento lascivo, no espaço de cinco segundos. E diga-o com a autoridade de Jesus Cristo. “Em nome de Jesus: Não!” Você não tem mais do que cinco segundos. Se passar mais do que esse tempo sem opor-se a tal pensamento, ele se alojará em sua mente com tanta força, a ponto de se tornar quase irremovível. Se tiver coragem, diga-o em voz alta. Seja resoluto e hostil. Como disse John Owen: “Mate o pecado, se não ele matará você”. Ataque-o imediatamente, com severidade. “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).
VOLTAR — volte seus pensamentos forçosamente para Cristo, como uma satisfação superior. Dizer “não” será insuficiente. Você tem de mover-se da defesa para o ataque. Combata o fogo com fogo. Ataque as promessas do pecado com as promessas de Cristo. A Bíblia chama a lascívia de “concupiscências do engano” (Ef 4.22). Tais concupiscências mentem. Prometem mais do que podem oferecer. A Bíblia as chama de “paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância” (1 Pe 1.14). Somente os tolos cedem a elas. “Num instante a segue, como o boi que vai ao matadouro” (Pv 7.22). O engano é vencido pela verdade. A ignorância é derrotada pelo conhecimento. E tem de ser uma verdade gloriosa e um conhecimento formoso. Esta é razão por que escrevi o livro Vendo e Provando a Cristo (Seeing and Proving Christ — Crossway, 2001). Preciso de breves retratos de Cristo para me manter despertado, espiritualmente, para a sublime grandeza do Senhor Jesus. Temos de encher nossa mente com as promessas e os deleites de Jesus. E volvermo-nos imediatamente para tais promessas e deleites, depois de havermos dito “não”.
MANTER — mantenha, com firmeza, a promessa e o deleite de Cristo em sua mente, até que expulsem a outra imagem. “Olhando firmemente para… Jesus” (Hb 12.2). Muitos fracassam neste ponto. Eles desistem logo. Dizem: “Tentei expulsar a fantasia, mas não deu certo”. Eu lhes pergunto: “Por quanto tempo fizeram isso?” Quanta rigidez exerceram em sua mente? Lembre: a mente é um músculo. Você pode flexioná-la com violência. Tome o reino de Deus por esforço (Mt 11.12). Seja brutal. Mantenha diante de seus olhos a promessa de Cristo. Agarre-a. Agarre-a! Não a deixe ir embora. Continue segurando-a. Por quanto tempo? Quanto for necessário. Lute! Por amor a Cristo, lute até vencer! Se uma porta automática estivesse para esmagar seu filho, você a seguraria com toda a sua força e gritaria por ajuda. E seguraria aquela porta… seguraria… seguraria… Jesus disse que muito mais está em jogo no hábito da lascívia (Mt 5.29).
APRECIAR — aprecie uma satisfação superior. Cultive as capacidades de obter prazer em Cristo. Uma das razões porque a lascívia reina em tantas pessoas é porque Cristo não lhes é muito cativante. Falhamos e somos enganados porque temos pouco deleite em Cristo. Não diga: “Esta conversa espiritual não é para mim”. Que passos você tem dado para despertar sua afeição por Cristo. Você tem lutado por encontrar gozo? Não seja fatalista. Você foi criado para valorizar a Cristo — de todo o coração — mais do que valoriza o sexo, o chocolate ou o açúcar. Se você tem pouco desejo por Cristo, os prazeres rivais triunfarão. Peça a Deus que lhe dê a satisfação que você não tem. “Sacia-nos de manhã com a tua benignidade, para que cantemos de júbilo e nos alegremos todos os nossos dias” (Sl 90.14). E olhe…olhe… e continue olhando para Aquele que é a pessoa mais magnificente do universo, até que você o veja da maneira como Ele realmente é.
MOVER – mova-se da ociosidade e de outros comportamentos vulneráveis para uma atividade útil. A lascívia cresce rapidamente no jardim da ociosidade. Encontre algo útil para realizar, com todas as suas forças. “No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11); “Sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Co 15.58). Seja abundante em atividades. Faça alguma coisa: limpe um quarto, pregue uma tábua, escreva uma carta, conserte uma torneira. E faça tudo por amor a Jesus. Você foi criado para administrar e trabalhar. Cristo morreu para nos tornar zelosos “de boas obras” (Tt 2.14). Substitua as concupiscências e paixões enganosas por boas obras.
Pai de misericórdias, quão freqüentemente
Deixamos de lutar contra a lascívia.
Temos abraçado o inimigo que faz guerra contra a nossa alma.
Perdoa-nos, de acordo com tua promessa de ser
Tardio em ira e abundante em misericórdia.
Vem agora e dá-nos nova determinação
Novo poder e nova visão de tuas
Promessas e de teu supremo valor.
Sacia-nos de manhã com a tua benignidade
Destrói a raiz de nossa lascívia com um prazer superior.
Em nome de Jesus, oramos. Amém.
(Artigo extraído do livro Penetrado pela Palavra, de John Piper)
Fonte: Blog Fiel

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Doze Razões Por Que Ser Membro de Igreja é Importante


Jonathan Lememan
Doze Razões Por Que Ser Membro de Igreja é Importante
1 – É bíblico. Jesus estabeleceu a igreja local, e todos os apóstolos realizaram seu ministério por meio dela. A vida cristã no Novo Testamento é uma vida de igreja. Hoje os cristãos devem esperar e desejar o mesmo.
2 – A igreja é seus membros. No Novo Testamento, ser uma “igreja” é ser uma de seus membros (leia Atos dos Apóstolos). E você quer ser parte da igreja porque foi ela que Jesus veio buscar e reconciliar consigo mesmo.
3 – Ser membro da igreja é um pré-requisito para a Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor é uma refeição para a igreja reunida, ou seja, para os membros (veja 1 Co 11.20, 33). E você quer participar da Ceia do Senhor. O ser membro de igreja é a “camisa” que torna o time da igreja visível ao mundo.
4 – É a maneira de representar oficialmente a Cristo. Ser membro de igreja é a afirmação da igreja a respeito do fato de que você é um cidadão do reino de Cristo e, por isso, um representante autorizado de Jesus diante das nações. E você quer ser um representante oficial de Jesus. Intimamente relacionado a isto…
5 – É a maneira como o crente declara sua mais elevada lealdade. O fato de que você pertence ao time que se torna visível quando você veste a “camisa” é um testemunho público de que sua mais elevada lealdade pertence a Jesus. Provações e perseguição podem surgir, mas suas únicas palavras são: “Pertenço a Jesus”.
6 – É a maneira de incorporar e experimentar figuras bíblicas. É na  estrutura de prestação de contas da igreja local que os cristãos vivenciam ou incorporam o que significa ser o “corpo de Cristo” , o “templo do Espírito”, a “família de Deus” e todas as outras metáforas bíblicas (veja 1 Co 12). E você quer experimentar a interconectividade do corpo de Cristo, a plenitude espiritual de seu templo, a segurança, a intimidade e a identidade comum da família de Deus.
7 – É a maneira de servir aos outros cristãos. Ser membro de igreja ajuda você a saber por quais cristãos, no planeta Terra, você é especificamente responsável para amar, servir, confortar e encorajar. Ser membro de igreja capacita você a cumprir suas responsabilidades bíblicas para com o corpo de Cristo (por exemplo, veja Ef 4.11-16; 25-32).
8 – É o meio de seguir os líderes cristãos. Ser membro de igreja ajuda-o a saber que líderes cristãos, no planeta Terra, você é chamado a seguir e obedecer. Também lhe permite cumprir sua responsabilidade bíblica para com eles (veja Hb 13.7, 17).
9 – Ser membro de igreja ajuda os líderes cristãos a liderar. Permite que eles saibam quais são, no planeta Terra, os cristãos pelos quais eles “hão de prestar contas” (At 20.28; 1 Pe 5.2).
10 – Ser membro de igreja capacita a disciplina eclesiástica. Dá a você o lugar prescrito biblicamente em que deve participar na obra de disciplina eclesiástica, de maneira responsável, sábia e amorosa (1 Co 5).
11 – Provê a estrutura para a vida cristã. Coloca a afirmação individual do cristão de “obedecer” e “seguir” a Jesus em um ambiente de vida real, no qual autoridade é realmente exercida sobre nós (veja Jo 14.15; 1 Jo 2.19; 4.20-21).
12 – Edifica um testemunho e convida as nações. Ser membro de igreja coloca o governo de Cristo em exibição para o mundo que nos observa (veja Mt 5.13; Jo 13.34-35; Ef 3.10; 1 Pe 2.9-12). Os próprios limites que são traçados ao redor do ser membro de igreja produz uma sociedade de pessoas que convida as nações a algo melhor.
Este artigo foi extraído do livro Church Membership: How the World Knows Who Represents Jesus, de Jonathan Leeman.

Fonte: Blog Fiel

quarta-feira, 20 de julho de 2011

As palavras mais poderosas da terra



As palavras mais poderosas da terra
Sem sair de seu pequeno país, no curto período de três anos de seu ministério público, sem deixar qualquer escrito sobre si mesmo ou sobre seu ensino, Jesus Cristo tornou-se o maior comunicador de todos os tempos. Nenhum outro teve suaspalavras atravessando tantas gerações, sendo estudado em tamanha profundidade, marcando a história da humanidade de maneira tão significativa. Em meio a tantas mentiras, enganos e sofismas, Cristo trouxe a verdade para nos libertar (João 8.32). Veja algumas características de suas palavras:

Falava com autoridade e poder

Lucas 4.36 – “Todos ficaram grandemente admirados e comentavam entre si, dizendo: Que palavra é esta, pois, com autoridade e poder, ordena aos espíritos imundos, e eles saem?”
Mateus 7.28-29 – “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas”.
Mateus 8.26 – “Perguntou-lhes, então, Jesus: Por que sois tímidos, homens de pequena fé? E, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança”.

Falava com graça e sabedoria

Lucas 2.47 – “Todos os que o ouviam estavam muito admirados com a sua inteligência e com as respostas que dava” (NTLH).
Lucas 4. 22 – “Todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que lhe saíam dos lábios, e perguntavam: Não é este o filho de José?”
João 7.15 – “Então, os judeus se maravilhavam e diziam: Como sabe este letras, sem ter estudado?”

Impactava seus maiores adversários

João 7.45-46 – “Voltaram, pois, os guardas à presença dos principais sacerdotes e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? Responderam eles: Jamais alguém falou como este homem”.

Era muito persuasivo e convincente

João 4. 41 – “Muitos outros creram nele, por causa da sua palavra”.

Tinha palavras de cura e libertação

Mateus 8.16 – “Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra expeliu os espíritos e curou todos os que estavam doentes”.
João 4.50 – “Vai, disse-lhe Jesus; teu filho vive. O homem creu na palavra de Jesus e partiu”.

Falava das coisas do porvir

Mateus 26.75 – “Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes. E, saindo dali, chorou amargamente”.

Sabia quando ficar em silêncio

Mateus 27.14 – “Jesus não respondeu nem uma palavra, vindo com isto a admirar-se grandemente o governador”.

Conhecia em profundidade seus ouvintes

Mateus 9.4 – “Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que cogitais o mal no vosso coração?”
Mateus 12.25 – “Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá”.
Lucas 9.47 – “Mas Jesus, sabendo o que se lhes passava no coração, tomou uma criança, colocou-a junto a si”.
Era assertivo e direto
Mateus 3.7 – “Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura?”
Mateus 16.23 – “Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens”.

Falava palavras de vida eterna

João 5.24 – “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”.
João 6.68 – “Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna”.
De tudo isso, o mais importante é que ele era o próprio conteúdo de sua comunicação: a palavra que se fez gente! (João 1.1) Vivia o que falava e falava o que vivia. Como ele mesmo disse, “os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão” (Mateus 24.35). Por isso, suas palavras foram e são as mais poderosas da Terra.
Fonte: IPILON