sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Dica de leitura



Encontrar C. S. Lewis em seu momento mais amargo, triste e solitário é uma experiência tocante. Ver seus sentimentos se misturarem com seu poder de análise, trazendo a tona um homem de fé confuso e inconformado nos faz lembrar da nossa humanidade e fragilidade. Nos faz lembrar que existe um lugar de dor, que todos nós, em qualquer tempo, poderemos chegar.
Quem já leu C. S. Lewis, sejam suas ficções, dotadas de uma certa singeleza, ou sejam seus tratados e ensaios, repletos de argumentos claros, dissecando todo o assunto e chegando sempre ao cerne da questão, percebe que ele está diferente. Não completamente, por que o poder de análise ainda está lá, a tentativa de uma observação racional também.  Mas sabemos que quando a dor chega, muda tudo.
“A Anatomia de Uma Dor” parece ser uma ironia do destino para C. S. Lewis, que anos antes escreveu “O Problema do Sofrimento”, dissertando sobre os motivos do sofrimento e qual a sua natureza. Mal ele sabia que anos mais tarde enfrentaria uma prova tão grande: a perca da sua amada esposa Joy.
Joy era uma mulher perspicaz e inteligente, que sempre escrevia para Lewis. Anos depois ela se mudou para Londres, e então nasceu uma sólida amizade entre eles. Porém, o visto de Joy estava vencendo, e para que ela pudesse permanecer no país, em um ato solidário, Lewis se casou com ela. A partir de uma amizade belíssima, surgiu o amor. Quando Joy foi acometida de um cancer, Lewis realizou o casamento no religioso em um leito de hospital. Entre melhoras e quedas, eles viveram um tempo apaixonante. Até que ela veio a falecer.
A partir daí, sem saber como administrar toda aquela dor, Lewis resolveu anotar todos os seus pensamentos a respeito do luto. Com a esperança de que aquelas anotações pudessem ajudar alguém no futuro que viesse sofrer o mesmo. Então surgiu “A Anatomia de uma Dor: Um Luto em Observação”. Um verdadeiro diário do sofrimento de Lewis.
Lewis lança questões que muitos outros não tiveram coragem de dizer, mas que sempre quiseram. Perguntas como “Onde está Deus?” e “Qual o propósito de tudo isto?” permeiam as páginas do livro.  A cada página, nos sentimos ainda mais envolvidos pelo sentimento do autor,  sendo levados a uma reflexão profunda sobre a vida, sua brevidade, e o propósito divino de tudo isto.
Nenhum de nós espera chegar a um estado de sofrimento tão profundo, mas sabemos que é possível. Com este livro percebo que o sofrimento não é fim, mas o começo de uma nova jornada. Uma jornada de conhecimento, para Deus, para si mesmo, para o outro.


Li, e pude compartilhar com Lewis a mesma dor. (Do Administrador)

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